terça-feira, 27 de julho de 2010

Vale a pena?

Vale a pena se esforçar pelo amor?
Essa pergunta é muito frequente na cabeça de quem acabou de quebrar a cara num relacionamento ou numa tentativa de conquista.
Olha, analisando tudo o que eu fiz, que não foi muito, na tentativa de concretizar meus supostos amores, eu afirmo que nunca vale a pena não.
Primeiro porque o amor acaba, e o arrependimento não.
A gente faz tanta coisa tola, se expõe a todo tipo de humilhação, se esforça, muda o rumo da vida, gasta mais do que pode ou do que devia e para quê?
O amor é aquele tipo de coisa que quanto mais dá certo, mais dá errado. Quanto mais certo o amor vai dando, mais perto do fim ele tá.
Como assim? Que paradoxo é esse?
Oras, vivemos num tempo em que ninguem tolera nada. Assim, consideramos “dar certo” o aprofudamento da relação. Aprofundar-se numa relaçao significa tornarem-se, os dois, mais íntimos, mais conhecidos.
Essa é a desgraça.
Porque se toda essa intimidade resulta em torrentes de prazeres: risos, sexos bem feitos, aconchegos, mimos chamegos, resulta também numa maior facilidade em criticar, em dizer não, em ofender, em perder o respeito, em não deixar a janta pronta para o seu amorzinho, de não ter vergonha de dizer que não da pra sair porque a grana ta curta. Perde- se a vergonha do parceiro saber que o outro ta vendo sites eroticos na internet, a certeza da conquista faz o parceiro relaxar na aparência, os fracassos muitas vezes são debitados nas exigências do outro (não estudei porque voce não deixava, seu ciúme me afastou de todos, etc).
Quanto mais dá certo, mais essas cenas ocorrem e tanto quanto mais frquentes, mais o fim se aproxima.
Lutar pelo amor de hoje é lutar pelo fracasso de amanhã. Eis uma verdade absoluta que todos fazem de conta que não enxergam.
É um paradoxo dos mais tristes. E talvez por isso mesmo os casamentos mais felizes são aqueles em que a paixao nunca tenha existido e o amor seja morno, porque amores mornos não mudam a vida de ninguém, não produzem ciúmes violentos, não causam ódios extravagantes e os dois aproveitam a vida cada qual do seu modo e também a dois, senão com intensidade mas pelo menos pela vida inteira. Senao intensamente felizes, mas sem decepções e frustraçoes tao comuns a quem ama (ou diz amar) de verdade.

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